Texto originalmente publicado no blog da Sustentare Escola de Negócios
Imagine-se pilotando um avião a 10.000 pés de altitude e no painel de controle nenhum dos instrumentos estivesse funcionando. Assustador, não é?
Em condições climáticas perfeitas para voo, pode até ser possível continuar e encerrar com sucesso a viagem, mas certamente com menor eficiência e com alto risco envolvido.
Já em condições adversas, ou mesmo em meio à uma tempestade ou com pouca visibilidade, a continuidade da viagem e/ou o pouso podem resultar em um grande desastre.
Pois é exatamente assim que funciona (ou não) a gestão em uma organização que é gerida sem o uso de indicadores de desempenho.
As condições climáticas correspondem, neste caso, às variáveis existentes no ambiente interno, relativas às forças e fraquezas da organização, e no ambiente externo, relativas às oportunidades e ameaças presentes no mercado de atuação da organização.
Em uma organização qualquer, tudo tem início com seu planejamento estratégico, através do qual está definido onde a organização quer chegar (objetivos) e a rota ou caminho para chegar lá (estratégias).
No entanto, somente definir objetivos não basta. Os objetivos estratégicos devem ser monitorados e controlados para identificar se a organização está cumprindo-os ou caminhando para atingi-los quando esperado.
A identificação de problemas no atingimento dos objetivos estratégicos serve como gatilho para que ações corretivas e/ou preventivas sejam tomadas para colocar a organização de volta ao caminho que permita a ela cumpri-los, ou para que seja disparado um processo de revisão do planejamento estratégico, o que inclui revisar as estratégias selecionadas para atingir os objetivos, ou mesmo revisar os objetivos estratégicos, frente a novas informações dos ambientes interno e/ou externo que demonstrem que um ou mais destes objetivos não são realistas ou factíveis.
É sempre bom lembrar que os objetivos estratégicos são (ou deveriam ser) desdobrados em objetivos táticos, que por sua vez desdobram-se em objetivos operacionais, criando um alinhamento e integração entre todos os níveis da organização.
E como realizar o monitoramento e controle dos objetivos nos diferentes níveis da organização?
Isso se faz através da definição e uso de indicadores de desempenho para cada um dos objetivos.
Estes indicadores devem ser criteriosamente definidos, de forma que tenham a efetiva capacidade de demonstrar para a organização e seus gestores se ela está atingindo ou caminhando em direção ao cumprimento de seus objetivos.
Alguns equívocos comumente cometidos pelas organizações incluem confundir meras métricas como se elas fossem indicadores de desempenho e/ou a criação de dezenas, ou mesmo centenas, de indicadores, que afogam os gestores em números sem a capacidade de ajuda-los em suas análises e tomadas de decisão.
Aqui entra o entendimento do que vem a ser um Key Performance Index (KPI) – Indicador Chave de Desempenho. Como o próprio nome diz, são indicadores “chave”, que expressam resultados em comparação a bases de desempenho esperados, e que com isso tornam-se insumo primordial para os processos de análise e tomadas de decisão no âmbito da organização.
Metodologias como Balanced Scorecard (BSC) e Objectives and Key Results (OKR), entre outras, estão baseadas no uso de indicadores de desempenho, sendo excelentes aliadas dos gestores para a análise, comunicação de resultados e tomada de decisão em toda a organização.
Resumindo, os indicadores de desempenho devem ser reais instrumentos de apoio aos gestores, e não apenas um amontoado de métricas, dados ou informações que não agregam valor à gestão da organização.
De forma provocativa, ficam as seguintes questões para reflexão:
O painel de controle de sua organização, tem os instrumentos necessários, e tão somente os necessários, para garantir sua gestão e seu sucesso?
Sua organização está voando às cegas ou afogada em números?